“Em todo o despertar, há um recomeço”. 

Este era o lema da tripulação. O nascer do Sol e as primeiras tarefas matinais indicavam mais um dia de foco absoluto nos afazeres. É claro que sabiam o endereço de destino, recobrando, por momentos, seus lugares de partida: as lembranças do que deixaram para trás, e o desejo de retorno, assim como as metas e o planejamento da nova jornada, que aquela profissão os impunham.

O capitão olhava fixamente para o horizonte, ao mesmo tempo que controlava os instrumentos do grande cargueiro. Sabia ele que a sua tripulação estava empenhada, cada qual em sua tarefa. Qualquer desatenção poderia comprometer e até pôr em risco a nau carregada de vidas e contêineres. O oficial de máquinas atuava de forma preventiva, ajustando potência de propulsão, evitando o excesso de queima de combustível, e o esforço desnecessário das máquinas. O chefe de cozinha já sabia o cardápio do dia, previamente. Necessitava alimentar a tripulação, não somente com calorias, mas principalmente com bom gosto, pois, sabia ele, aqueles longos dias de travessia exigiam um pouco de “sabor” para aliviar o stress marítimo, condição preocupante que deve ser evitada a todo o custo, face às intensas demandas e à pressão sobre a tripulação.  Os marinheiros, cada qual com suas tarefas, empenhados a cumpri-las fielmente, com o máximo de atenção, pois assim requer suas atribuições individuais.

Analogamente, a narrativa acima acentua a importância da atenção plena. Em meio ao caos e às demandas do mundo moderno, encontrar uma maneira de se conectar consigo mesmo, assumir suas responsabilidades e alcançar a serenidade tornaram-se prioridade para muitos. E não é diferente no ambiente organizacional, muito pelo contrário. Tema latente no gerenciamento de pessoas, assim como no radar individual dos principais executivos das organizações, a conexão com o “aqui agora” é um indicador de maior produtividade, mais leveza no dia a dia e na saúde mental, tendo como efeito imediato maior qualidade de vida e de desempenho, individual e coletivo.

O que seria da tripulação de uma embarcação, se cada um estivesse desatento, com pensamentos aleatórios, mergulhados no passado ou no futuro, inconscientes e desligados de suas atribuições? 

”Onde quer que você esteja, esteja por inteiro.” Eckhart Tolle

Para Andy Puddicombe, renomado autor e especialista em meditação, meditar vai além de simplesmente se sentar em silêncio e esvaziar a mente. Em seu trabalho, ele destaca a importância de integrar três eixos diferentes para uma prática meditativa eficaz e transformadora. Esses eixos incluem um entendimento profundo do funcionamento da mente, o treino da observação dos pensamentos e o encontro com um estado de calma perene que existe por trás deles e, por fim, a integração dessa prática no cotidiano.

O primeiro eixo enfatiza a necessidade de desenvolver um entendimento profundo sobre o funcionamento da mente. Puddicombe acredita que, para obter os benefícios da meditação, é essencial compreendermos como nossos pensamentos, emoções e padrões mentais influenciam nossa experiência de vida. Ele nos encoraja a investigar os padrões de pensamento recorrentes, os gatilhos emocionais e os hábitos mentais que podem nos levar ao estresse, à ansiedade ou ao sofrimento. Esse conhecimento nos capacita a desenvolver uma maior consciência dos processos mentais e a adotar uma postura mais saudável e equilibrada em relação a eles.

O segundo eixo é o treino da observação dos pensamentos e do encontro com um estado de calma perene que existe por trás deles. Puddicombe nos convida a observar os pensamentos sem nos apegarmos a eles ou nos identificarmos. Ao praticar essa observação consciente, começamos a reconhecer a natureza transitória dos pensamentos e a cultivar um estado de calma e serenidade que existe além das turbulências mentais.

O terceiro eixo é a integração da prática meditativa nas atividades do dia a dia. Puddicombe ressalta que a meditação não se limita apenas ao tempo dedicado formalmente a sentar-se em meditação, mas deve ser levada para todas as áreas da vida. Ele nos encoraja a aplicar a atenção plena e a consciência em nossas interações, tarefas e momentos cotidianos. Ao integrar a meditação nas atividades diárias, somos capazes de trazer mais presença, clareza e equilíbrio para nossas vidas.

Segundo o autor, meditar, na verdade, é saber integrar:

  • entendimento profundo sobre o funcionamento da mente;
  • um treino de observação dos pensamentos no encontro de um estado de calma perene que existe por trás deles;
  • e a integração desse treino nas atividades diarias.

Dessa forma, sustentar o foco é consequência de um estado de atenção plena, sendo determinante para o seu negócio. E ele será, melhormente explorado, quando, cada um, individualmente, estiver consciente de suas atribuições, focados no todo e nas partes. O autoconhecimento e o mindfulness são ciências exponenciais que você e a sua equipe necessitam conhecer, aprofundar-se e implementar. Assim sendo, é notória a importância da segurança emocional da equipe. Tão importante quanto a saúde financeira.

Fontes: Livro “Encontrando a Paz Interior: Explorando a Meditação”, de Andy Puddicombe; Metodologia proprietária Otimiza Consultoria; Vivência nas organizações; Fontes na Internet e literatura de gestão empresarial diversas.