As capacidades técnicas sempre foram valorizadas nas contratações e definiam o sucesso de um profissional, porém hoje, as real skills estão no centro das atenções nas organizações.

O termo real skills significa “competências reais”, e surgiu como uma evolução do conceito de “soft skills”.  Esta evolução se deu, pois o contexto mudou, e contratar pessoas considerando somente suas capacitações técnicas – as hard skills – já não atende às necessidades impostas pelas transformações que estamos vivendo ultimamente.  Por este motivo, características comportamentais desejadas, nomeadas como soft skills inicialmente surgiram para a avaliação de candidatos, mas estas habilidades antes nomeadas “fáceis” (como na tradução literal de soft), são na verdade “difíceis”, raras de serem encontradas e são elas que, de fato, tornam a pessoa mais humana.

O que são as real skills?

Em métodos mais tradicionais de seleção, os currículos e a qualificação técnica dos profissionais definiam seus cargos e contratações. Por outro lado, foi perceptível que qualificação sem algumas características comportamentais adequadas não traziam tantos resultados, quanto a união de comportamento e habilidades técnicas.

Quem não conhece um profissional admirável em suas capacitações, mas que não sabe nem sequer se comunicar sem soar grosseiro? Esse, muitas vezes, é o resultado de contratações baseadas somente nas hard skills do profissional. Entenda melhor a diferença:

  • Hard Skills: são cursos — técnicos, profissionalizantes e especializantes — graduações, pós-graduações, mestrados, entre outros. É tudo que envolve as capacidades técnicas do indivíduo.
  • Soft Skills: são características psicológicas do indivíduo. São as competências comportamentais e socioemocionais da pessoa.

Quando a problemática começou?

O autor de 19 best- sellers, Seth Godin estuda profundamente as características dos profissionais. A proposta dele foi, inicialmente, trocar a nomenclatura das soft skills. Em uma tradução literal, soft significa simples, fácil e macio. Sendo assim, as “habilidades fáceis” como são nomeadas as soft skills, já não se adequam ao verdadeiro significado destas habilidades.

Isso, porque segundo o especialista, as soft skills são o coração das necessidades do mercado. A proposta, portanto, foi que as soft skills passassem a ser nomeadas de real skills, pelo fato de serem tão importantes quanto as hard skills.

Por se tratarem de características que refletem a própria personalidade e condição mental dos indivíduos, as real skills não são simples de desenvolver. O New York Times, inclusive, mencionou que o desenvolvimento dessas características é muito mais complicado de ser desenvolvido na fase adulta. Portanto, não é adequado nomeá-las como “fáceis”, justamente por serem as mais complexas.

Como desenvolver as Real Skills?

No livro “O poder do hábito”, de Charles Duhigg, o autor menciona a maneira como os hábitos são formulados pelo cérebro para poupar energia. Como as real skills se tratam de comportamentos e padrões mentais, transformar essas qualidades em hábitos pode ser a melhor maneira de iniciar seu desenvolvimento.

Para desenvolver empatia, por exemplo, é possível realizar um exercício diário, colocando-se no lugar onde a pessoa em questão está. Diante de uma situação assim, você entende a atitude alheia e se torna mais paciente. Fazendo este exercício uma vez ao dia, ele vai se tornando, aos poucos, automático para o corpo.

Outros modos de desenvolver as real skills pode ser a partir de leituras, e do próprio autoconhecimento. Algumas dicas são:

  1. Pratique meditação — reduz índices de estresse e proporciona o autoconhecimento, que serve para a melhoria do próprio comportamento;
  2. Converse com pessoas diferentes — avaliando diferentes comportamentos, você desenvolve empatia, já que entende a trajetória dos indivíduos até a própria composição comportamental. Além disso, indivíduos com visões diferentes proporcionam aprendizado e uma visão mais ampla das personalidades alheias;
  3. Faça caminhada! — pessoas extremamente criativas possuem o hábito comum de realizar caminhadas. É o caso de nomes como Bill Gates e Steve Jobs. Por entrar em contato com diversos cenários, pessoas e ambientes, a caminhada estimula a real skill da criatividade.

Por que essas habilidades são indispensáveis?

Um estudo de profissionais PhD e enfermeiros indicou que, geralmente, pessoas com menor capacidade de resiliência — uma das real skills — são mais suscetíveis a desenvolver problemas como depressão, que já é a segunda maior causa de pedidos de aposentadoria atualmente. Outro ponto importante, é que profissionais com real skills desenvolvidas, tendem a serem mais eficientes em:

  • Tomar decisões;
  • Lidar com pessoas;
  • Liderar;
  • Assumir responsabilidades;
  • Cumprir prazos;
  • Ter bons relacionamentos interpessoais.

O equilíbrio entre as habilidades técnicas e comportamentais, promovem as melhores escolhas de profissionais e estimula o mercado a valorizar também a personalidade e caráter dos indivíduos.

Para refletir

Alguns especialistas consideram que as real skills são uma junção de soft e hard skills. Se um profissional corre atrás dos próprios objetivos e formação, isso já qualifica as condições comportamentais dele. Por isso, não se pode considerar um conjunto de habilidades mais do que o outro.

As real skills demonstram a inovação de um mercado profissional que, antes, via os indivíduos somente como um aglomerado de capacitações. Pelo contrário, as empresas que apresentam melhores resultados são as que desenvolvem aspectos de intuito social.

Sem profissionais com capacidade de empatia, liderança e carisma, é impossível que uma organização se conecte com pessoas que possuam essas características. Por isso, a valorização comportamental dos profissionais reflete o interesse das empresas em desenvolver vínculo e objetivos sociais com as pessoas.

Para se destacar, vale a pena treinar os colaboradores da sua empresa, e investir no desenvolvimento de real skills. Na hora de contratar profissionais lembre-se: escolher os melhores do mundo poderá ser vantajoso a princípio, mas escolher os melhores para o mundo transformará sua organização.

As pessoas que possuem as “competências do agora – reais”, terão a mentalidade de eternos aprendizes, e estarão abertas ao conhecimento e aprendizagem constante, conectando fatos, conceitos e experiências. São os tempos mais difíceis que nos levam ao desenvolvimento, e pessoas que sabem fazer o que precisa ser feito de um modo diferente, de um jeito mais rápido, barato e melhor continuarão sendo essenciais nas organizações.

É mostrando nossas vulnerabilidades que nós nos mostramos como reais seres humanos.

Quer saber mais sobre as real skills ou precisa de ajuda para desenvolvê-las na sua equipe? Conte com a gente.