Ouça este conteúdo. Gerenciamento de Processo de Negócio _ BPM, por Edson Fernando Graiczyk

Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM – Business Process Management) tem atingido muito o setor público. Há muitos profissionais certificados em processos, como por exemplo, em Brasília, e cases de BPM muito interessantes neste setor espalhados pelo Brasil. Então, vamos falar, mesmo que sucintamente, sobre BPM e liderança na gestão pública.

Segundo o TCU (2014), “Governança no setor público compreende essencialmente os mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão, com vistas à condução de políticas públicas e às prestações de serviços de interesse da sociedade.” Neste contexto, são muitos os desafios que a Governança e a Gestão Pública encontram para exercer as suas macrofunções, e BPM é um excelente instrumento para tal.

Como mecanismo de liderança. Praticar BPM significa exercer um conjunto de valores, crenças, liderança e cultura para estruturar os alicerces necessários para mudar o cenário ao qual uma organização está inserida. Conceber BPM neste ambiente, entusiasma e guia o comportamento e a estrutura organizacional para alcançar melhores práticas de governança e gestão, determinando o sucesso das iniciativas empreendidas. Para o TCU, “Liderança refere-se ao conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que assegura a existência das condições mínimas para o exercício da boa governança […]”. Desta forma, BPM “cai como uma luva” neste contexto.

Como mecanismo de estratégia. O Gerenciamento de Processos de Negócio é uma disciplina gerencial, formada por um conjunto de perspectivas organizacionais e de processo, criando uma sinergia entre estratégias e objetivos destinada a atender as expectativas e necessidades de clientes. BPM, por meio do foco em processos ponta a ponta, engloba uma série de aspectos necessários para executar a estratégia e promover a boa governança. Conforme o TCU, “[…] o processo de estabelecimento da estratégia necessária à boa governança, envolvendo aspectos como: escuta ativa de demandas, necessidade e expectativas das partes interessadas […]”, entre outros, são de responsabilidade de líderes, o que nos remete novamente aos conceitos e práticas de BPM.

Como mecanismo de controle. Se, BPM é uma disciplina gerencial, logo, pressupõe-se que os objetivos organizacionais podem ser alcançados por meio desta prática, que conduz para a definição, o desenho, o controle e a transformação contínua de processos de negócio. Controlar significa dominar. Podemos encarar BPM como uma prática que domina processos de negócio. Segundo o TCU, “[…] para que esses processos sejam executados, existem riscos, os quais devem ser avaliados e tratados. Para isso, é conveniente o estabelecimento de controles e sua avaliação, transparência e accountability […]”. que trata processos de negócio como ativos da organização.

Sobre estes mecanismos de governança, entendo que existe uma grande fragilidade em termos de liderança, pois o sistema que rege as estruturas organizacionais no setor público, não promove o desenvolvimento da liderança. A “dança das cadeiras” é característica em cargos de chefia neste ambiente. O seu chefe de hoje fez parte da sua equipe ontem e, amanhã, pode se tornar membro da sua equipe, sob sua chefia novamente.

Em diversos setores, precisamos menos de tarefeiros e mais líderes. Não se trata de falta de capital intelectual ou falta de pessoas com perfil para exercer a liderança, mas sim de práticas que promovam a qualificação de gestores e formação de líderes com domínio sobre estes mecanismos, e BPM pode ser um bom instrumento para conciliar nesta jornada.

 

Referências Bibliográficas

BPM CBPK GUIA PARA O GERENCIAMENTO DE PROCESSOS DE NEGÓCIO CORPO COMUM DE CONHECIMENTO / ABPMP. VERSÃO 3.0 – 1ª EDIÇÃO. BRASIL: ABPMP BRASIL. 2013.

REFERENCIAL BÁSICO DE GOVERNANÇA APLICÁVEL A ÓRGÃOS E ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA / TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. VERSÃO 2 – BRASÍLIA: TCU, SECRETARIA DE PLANEJAMENTO, GOVERNANÇA E GESTÃO, 2014. 80 P.

 

Este artigo foi escrito por Edson Fernando Graiczyk, CBPP e consultor da Otimiza Consultoria.