Meu Chefe é um Robô, e agora? por Ana Bortolon.

Assim como todos os outros períodos de mudança, é comum termos mais perguntas do que respostas, e visto o momento que vivemos, frequentemente os tabloides questionam a respeito do futuro do trabalho, ou melhor, dos trabalhadores.

A HSM Management edição 134 traz um dossiê falando justamente das visões positivas e negativas desse período de transição. Cenários foram traçados, e neles, locais e fluxos de trabalho precisarão ser desenhados para fazerem pessoas e máquinas trabalharem juntas, exigindo das pessoas o desenvolvimento de habilidades que não podem ser simplesmente programadas em uma máquina.

Muito se ouve a respeito de pessoas perderem seus empregos para robôs, e para essa pergunta, a maioria dos autores defendem que “ só serão robotizados os trabalhos repetitivos e que não deveriam ser realizados por seres humanos”, pois entende-se que as pessoas quando libertadas destas atividades, poderão maximizar o seu verdadeiro potencial.

Neste ano de 2019, uma palestra sobre “Chefes Robôs” chamou bastante a atenção no SXSW (South by Southwest).

Alex Rosenblat foi a palestrante e é a autora do livro Uberland, que discorre sobre como os algoritmos estão reescrevendo as regras do trabalho, e cita o Uber, onde algoritmos ditam a remuneração dos motoristas automaticamente, baseados em uma lógica pré-definida, como a avaliação dos passageiros, por exemplo.

Pesquisando mais a respeito desse assunto descobriu-se que o “gerenciamento por algoritmo” não é novo, Frederick Winslow Taylor explorou estes conceitos na manufatura ainda no início do século 20, quando ele calculava todos os movimentos das fábricas, buscando elevar a eficiência.

E hoje, aonde mais vemos este conceito de (IA) Inteligência artificial aplicado?

A Amazon e a IBM são cases conhecidos de uso de IA para rastrear a produtividade dos colaboradores, ou até mesmo prever seu desempenho futuro.

A Metlife  utiliza o programa Cogito que assume a função de um “chefe algoritmo” acompanhando todas as ligações telefônicas de um call center e analisando a conversa, sinaliza em tempo real quais pontos devem ser melhorados, como empatia, menor velocidade de fala, ou até mesmo, indica que é o momento de fazer uma pausa para tomar um café e recarregar a energia.

Já estamos habituados a ouvir exemplos sobre como a robótica e a automação estão acelerando o trabalho manual e repetitivo, substituindo os trabalhadores das linhas de frente, mas em diversos casos a inteligência artificial ocupa também algumas funções de chefia.

Consoantes com essa realidade, estimativas da Forbes afirmam que a maioria dos gerentes serão substituídos por robôs até o ano de 2023, além disso, eles listam características que aumentam as chances de as pessoas preferirem um chefe robô ao invés do seu chefe atual. Como por exemplo, ser imparcial, não ter preconceitos, e outros tantos defeitos que infelizmente os seres humanos têm.   Há e sempre haverá dois lados de observação, e por isso controvérsias existem e nem todos os funcionários monitorados sentem-se totalmente confortáveis com o fato de serem gerenciados por uma máquina.

Indiferente dos diversos cenários e previsões do futuro, estamos criando neste momento, o futuro do trabalho. Nós estamos participando desta construção e o caminho que estamos trilhando é uma migração do conceito que entendemos por “emprego”, que garante a fonte de sobrevivência e renda, para o conceito de “trabalho” que além de garantir sobrevivência traz realização social e psicológica, e é quando somos realmente produtivos.

Parafraseando Martha Gabriel “para não ser substituído por um robô, não seja um robô”.

 

 

 

Fontes:

Estadão

Forbes

HSM Management edição 134

Livro Uberland, escrito por Alex Rosenblat.

O SXSW é considerado o maior festival de inovação do mundo.