Há quem trabalhe. Há quem se escravize.

Todo esforço requer uma justificativa. E toda justificativa é, em última análise, um juízo sobre o que é justo. Trabalhar sem propósito é se colocar a serviço do nada. E nada, por definição, não devolve. Mesmo que aparentemente esteja funcionando.

A gestão tem sua origem nos fundamentos que a sustentam, nos preceitos estabelecidos, nos projetos instaurados, nos desafios que assumimos, nos sonhos que desejamos e na visão que se estabelece. É daí que nascem as direções, os sentidos e as intenções que vão se desdobrando em ações, sejam elas coletivas ou individuais.

Gestão é inteligência ativa.

Quando bem estruturada, ela se comporta como um rio que flui. 

Corre por entre as pedras, contorna obstáculos, adapta-se às margens e aos limites que a realidade impõe.

Nutre por onde passa e mantém seu fluxo constante.

Nunca força. Não se quebra. Nunca se perde. 

E, sobretudo, jamais sobrecarrega alguns, enquanto alivia outros.

É equânime.

Fluxo bem distribuído. Força compartilhada. Energia e entrega coletiva. 

Quando há ordem, clareza e sintonia, não há delay. Tudo flui no tempo certo, na cadência certa, na medida exata. Cada parte sabe seu papel, e o todo funciona como um organismo vivo, integrado e eficiente.

Seu curso é organizado, não rígido.

Diálogos que fluem. Orientações que são assimiladas. ideias que se somam.

Clima organizacional harmônico, não caótico.

Há direção, velocidade e profundidade suficientes para gerar inovação contínua, até que o ciclo se complete, produzindo retorno equivalente ao volume e à carga empregada. 

Foi, talvez, com essa visão de fluidez, ordem e entrega que Peter Drucker afirmou que “o trabalho não é o que uma pessoa faz, mas aquilo que ela realiza.

São inúmeros os casos em que uma orientação clara passa a ser transformadora. Nas organizações e nas pessoas.

Lembro-me de um caso singular. Uma grande companhia possuía alguns desafios culturais difíceis de resolver. Nos anos de 1990, seu refeitório ainda servia vinho no almoço, sim, vinho!

Não era de livre consumo, mas estava disponível para quem optasse pela bebida alcoólica. As ruas internas, por onde transitavam os veículos da logística, sequer tinham placas de sinalização de trânsito. E era comum que fumantes consumissem seus cigarros e descartassem as bitucas pelo caminho.

Havia um contraste: uma empresa próspera, mas com uma realidade interna que foi se adaptando, sem uma orientação clara para estas condutas rotineiras.

Nossa intervenção, orientada pela diretoria, seguiu três etapas: conscientização, melhorias e implementação.

Primeiro, uma campanha educativa, com médicos e agentes de trânsito falando sobre segurança, saúde e bem-estar.

Depois, as melhorias físicas: telhados para proteger os traslados internos, corrimãos de segurança e placas de sinalização. E até multas simbólicas foram aplicadas aos motoristas mais apressados, seguindo sugestões vindas dos próprios colaboradores.

Na sequência, uma mudança simbólica: o vinho deu lugar a sucos de frutas frescas.

O resultado? Uma cultura transformada.

Mais senso de pertencimento, mais disciplina, mais cuidado com o coletivo e melhorias significativas nas pesquisas de clima organizacional nos anos seguintes.

A mente de um gestor carrega, inevitavelmente, uma boa dose de utopia. É preciso imaginar, e sustentar, ideais como a felicidade dos colaboradores, a sustentabilidade, a equidade, a gestão justa e democrática. Não como abstrações ingênuas, mas como forças concretas que impulsionam o fluxo, a inovação e a transformação.

Essa utopia não é um delírio. Não é um sonho ingênuo. Ela é o motor invisível que organiza a ordem visível. Une visão, propósito, inovação, tecnologia e pessoas. É a convicção de que vale a pena perseguir ambientes de trabalho mais humanos, produtivos e inteligentes, mesmo sabendo que sua plena realização será sempre uma construção imperfeita, dinâmica e desafiadora.

Talvez seja por isso que, no fundo, gestão nunca foi apenas sobre processos, métodos ou controle. Gestão é, antes de tudo, uma engenharia de cultura. É sobre criar ambientes onde a inteligência se torna colaborativa, o esforço se torna somatório e o propósito se torna coletivo.

Jack Ma, fundador do Alibaba, expressa isso com uma simplicidade desconcertante:

“Eu não entendo nada de tecnologia. Não entendo nada de gestão. Não entendo de muitas coisas. Mas aprendi que você não precisa saber tudo, o mais importante é encontrar pessoas que sejam mais inteligentes do que você.

Meu primeiro passo sempre foi esse: encontrar pessoas com mais conhecimento em computação do que eu, em contabilidade, em várias áreas. Ao longo dos anos, sempre busquei gente mais preparada do que eu.

E quando você reúne muitas pessoas inteligentes, o meu trabalho é garantir que elas consigam trabalhar juntas.

Se pessoas inteligentes conseguem trabalhar em equipe, tudo se torna mais fácil. Porque, veja bem, pessoas menos preparadas trabalham juntas com facilidade. Já pessoas muito inteligentes geralmente têm mais dificuldade de colaborar.

Muitas vezes, quem não tem tanta visão trabalha junto. Já os que têm visão, não conseguem se unir. Por isso, o mais importante é: encontre pessoas inteligentes e crie um ambiente onde elas possam colaborar.

Meu papel se resume a duas coisas: garantir que essas pessoas trabalhem juntas, e isso depende de uma coisa fundamental: a cultura.”

No final, é sempre sobre isso: compromisso, clareza e cultura. Porque quando isso se estabelece, não há mais obrigação, há construção.


Peter Ferdinand Drucker (19 de novembro de 1909, Viena, Áustria – 11 de novembro de 2005, Claremont, Califórnia, EUA) foi um escritor, professor e consultor administrativo de origem austríaca, considerado pai da administração ou gestão moderna, sendo o mais reconhecido dos pensadores do fenômeno dos efeitos da globalização na economia em geral e em particular nas organizações — subentendendo-se a administração moderna como a ciência que trata sobre pessoas nas organizações, como dizia ele próprio. Fonte pt.wikipedia.org

Mǎ Yún (em chinês: 马云; Hancheu, 10 de setembro de 1964), mais conhecido pelo pseudônimo Jack Ma, é um empresário, investidor e filantropo chinês. É o cofundador e presidente executivo do Alibaba Group, um conglomerado de tecnologia multinacional.

É considerado um dos homens mais ricos do mundo com uma fortuna de mais de 56 bilhões de dólares e visto também como um embaixador global para os negócios chineses e, como tal, frequentemente listado como uma das pessoas mais poderosas do mundo pela Forbes. Fonte pt.wikipedia.org

Fontes: 

Metodologia proprietária Otimiza Consultoria; 

Vivência nas organizações; 

Literatura de gestão empresarial diversas.

“O(s) nome(s) mencionado(s) é (são) fictício(s), utilizado(s) com o propósito de preservar a identidade do(s) envolvido(s) e suas organizações.