Dr. Hermes possuía uma visão sui generis do todo.

Enquanto falávamos sobre etapas isoladas do processo e necessidades pontuais, ele enxergava todas as conexões.

Sabia que as mudanças que se faziam necessárias impactariam em todos os elos, não apenas as atividades diretas, mas também a capacidade dos fornecedores, parceiros e a entrega final aos clientes.

Intuitivamente, sua visão estendia-se a tudo, revelando uma compreensão genuína de um sistema de Supply Chain que envolvia o negócio por inteiro. 

Ele pouco falava, mas demonstrava absoluta atenção à exposição dos líderes de setor. Após todas as apresentações sobre o que, na visão da equipe, deveria ser preservado e o que poderia ser transformado, Dr. Hermes pediu a palavra e, com calma, compartilhou suas perspectivas.

Um ponto de vista atualíssimo: falou sobre resiliência e apego.

Lembrou-nos do tempo dos antigos mainframes, quando enormes máquinas locais abasteciam as dezenas de terminais espalhados pelo laboratório e filiais.

Defendia que, assim como naquela época, ainda temos a tendência de centralizar o controle.

Hermes nos apresentou uma lógica sobre resiliência de rara profundidade.

“Jamais deveríamos confundir resiliência, com apego” 一 disse calmamente. “A resiliência pertence ao campo das ideias e da criatividade. Devemos ser resilientes diante dos futuros prováveis que podemos contemplar a partir da experiência e conhecimento. Já o apego habita o terreno do conservadorismo, das ideias antigas e das crenças limitantes. Elas podem ter nos conduzido até aqui, mas dificilmente serão úteis nos novos tempos que virão . Um preserva intangíveis que fazem sentido, o outro se mantém atrelado a formas e “coisas” que já não sustentam o propósito.” 

Fazendo uma breve pausa antes de continuar, disse:

“Além disso, todo propósito é vivo. Vai se moldando às necessidades do mercado, às transformações impostas pelo tempo e pelo terreno. A rigidez de propósito pode comprometer nossa visão estratégica, pois quando o propósito deixa de respirar, a estratégia torna-se míope”.

Nossa equipe era altamente coesa.

Todos compreenderam perfeitamente a visão de Hermes.

Nosso propósito deveria se manter intacto, pois “estamos aqui para cuidar da vida em cada resultado”.

Mas as mudanças, não apenas tecnológicas, como também de comportamento, estavam impondo uma nova maneira de pensarmos o negócio. 

Seria preciso ir além da eficiência e abraçar uma transformação mais profunda: incorporar uma camada robusta de novas tecnologias, embarcando Inteligência Artificial tanto no relacionamento com os clientes e médicos, quanto, e principalmente, na interpretação e entrega dos resultados laboratoriais e de imagem que nosso laboratório era capaz de fornecer. 

O movimento que faríamos era sem precedentes.

Seria como substituir os motores e asas em pleno voo: manter a estabilidade operacional, enquanto tudo muda. 

Além disso, o tempo nos impunha um limite claro: não poderíamos prolongar essas mudanças e ajustes ad eternum.

Cada decisão necessitará unir precisão e coragem, pois a transformação exigirá movimentos constantes e discernimento para não confundir velocidade com pressa.

E, acima de tudo, todos precisam estar plenamente conscientes e comprometidos com a missão que temos pela frente.

Em nossa jornada como consultores empresariais, uma das qualidades que mais admiramos nos empresários é a notável resiliência que demonstram diante de um cenário de mudanças tão profundas e aceleradas como o que estamos vivendo. E essa capacidade de não apenas sobreviver, mas de prosperar em meio à incerteza, é que define a liderança moderna.

Isso exige uma reinvenção contínua, uma decisão consciente de transformar o negócio antes que as forças do mercado o exijam.

Enxergar disrupções, como a inteligência artificial, não como ameaças, mas como catalisadores para o crescimento. É isso que separa quem reage de quem se antecipa.

Essa postura resiliente, em um mundo onde decisões precisam ser tomadas com informações incompletas, a coragem de assumir riscos calculados é fundamental. 

No entanto, essa coragem não vem do acaso, mas de uma preparação rigorosa: cercar-se das pessoas certas, basear-se em dados e fatos, e agir e decidir com agilidade. E desapegar do que não serve mais.

A velocidade na tomada de decisão e na execução, simplificando processos para responder rapidamente às novas demandas, tornou-se um diferencial competitivo indispensável.

A resiliência está enraizada em uma cultura de aprendizado contínuo.

E nunca é pouco repetir que as habilidades que nos trouxeram até aqui não serão as mesmas que nos levarão ao futuro. 

Por isso, a agilidade para aprender, desaprender e reaprender é o ativo mais valioso de um líder e de sua equipe.

Cultivar uma mentalidade que desafia o status quo e abraça novas formas de operar, transformando a resiliência em um pilar estratégico para o sucesso sustentável é, talvez, a característica mais importante dos líderes que estão à frente de seus negócios.

E é também o que mais admiramos nos ambientes organizacionais que temos o privilégio de estar presentes.

Líderes como o Dr. Hermes, que nos ensinam a diferenciar o propósito do processo, e a resiliência de apego são os que verdadeiramente constroem o futuro.


Fontes

Metodologia proprietária da Otimiza Consultoria.

Experiências e vivências práticas em diferentes organizações.

Referências diversas da literatura de gestão empresarial.“Relato baseado em fatos reais. O(s) nome(s) mencionado(s) é (são) fictício(s), utilizado(s) com o propósito de preservar a identidade do(s) envolvido(s) e suas organizações.

Imagem ilustrativa deste artigo criada com inteligência artificial.